“Foi uma cerimônia comovente. Não aquela comoção que muita gente está acostumada, que é muito barulho. É algo interior, porque é uma celebração religiosa. Eu diria que é uma experiência de fé”. Foi com essas palavras que o arcebispo e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, descreveu canonização de Irmã Dulce – primeira santa brasileira.
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Para ele, a cerimônia foi marcada pela demonstração de fé dos religiosos que estavam no Vaticano para acompanhar a proclamação.
“Foi diferente de uma experiência sensível, de alguém que quer um grande movimento. E eu vi como o povo ali reagiu de uma forma bonita. Aquele silêncio orante, acompanhando com muita emoção, e aquele calor forte que fazia. Era realmente um calor incrível, nessa época do ano em Roma”, disse.
“Eu achei emocionante ver nossa Santa Dulce lá no alto, no lugar de destaque, sendo reconhecida no mundo todo como uma santa”
Para Dom Murilo, Santa Dulce dos Pobres é um exemplo a ser seguido pela forma como conduzia a vida e ajudava as pessoas que a procuravam.
“Um exemplo de alguém que não procurou a vaidade, não procurou a glória, não procurou os bens. Procurou servir o irmão. [Alguém] Que nunca pensou um dia seria objeto de tanta atenção e que os olhares do mundo estariam voltados para ela. Porque ela fez o que Deus foi lhe pedindo. Isso que acho interessante em Irmã Dulce, que para mim é uma grande lição: ela não se planejou ser santa. Ser santa sim no seguir Jesus, mas não no sentido de ser canonizada. Não planejou nada, não planejou a obra Santo Antônio [hospital]. O que ela pensou: ajudar aquele jovenzinho de 15 anos, que lhe pediu ‘Irmã, não deixe eu morrer na rua’”, pontou o arcebispo.
“Ela foi respondendo aos apelos de Deus à medida que Deus foi fazendo propostas. Ela foi dizendo sim e Deus ousou pedir mais. Isso vale para nós, por isso eu acho ela tão importante”.
O primaz também falou sobre a celebração da primeira missa para a Santa Dulce dos Pobres no mundo, que foi realizada na Basílica de Sant’Andrea Della Valle, em Roma. Ele foi o responsável por conduzir a cerimônia.
“Eu nunca imaginei que teria a oportunidade de presidir uma missa assim. Ao chegar aqui, eu já estava à frente da beatificação. E quando se falava que, quem sabe eu veria a canonização, eu ria. Falava: ‘Coitadinho, não entende nada de igreja. Isso vai levar séculos, vai demorar décadas’. E, de repente, quando eu estava lá na frente do altar presidindo a primeira missa de ação de graças, eu pensei: ‘Como Deus nos alegra com suas surpresas’”.
“Foi uma missa bonita, oracional. A Bahia dominou a igreja ali. Se tirassem os baianos ali, sobravam poucas pessoas. E era um clima alegre, todo mundo rezando, cantando” .
A primeira missa brasileira em homenagem à Santa Dulce dos Pobres será realizada no domingo (20), na Arena Fonte Nova. A expectativa dos organizadores é que 55 mil pessoas compareçam à cerimônia. Confira o esquema especial da celebração, que reúne informações sobre o evento, como chegar no local, estacionamento, transporte público e alterações no trânsito.