Em um desabafo público, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (29) que sofre ameaças e que muita gente não tem interesse em sua permanência no cargo. As declarações foram feitas durante participação surpresa, definida de última hora e não prevista na agenda oficial, em cerimônia na Embratur, autarquia federal de estímulo ao turismo.
Em entrevista à imprensa, ele reconheceu dificuldades no exercício do mandato, entre elas a aprovação da reforma previdenciária, e ressaltou que os problemas enfrentados pelo país não são fáceis. “Uma dívida interna monstruosa e uma reforma previdenciária que alguns teimam em jogar contra, mas necessária para o bem de todos. São esses problemas que acontecem e não é fácil. Ameaças existem. Muita gente não tem interesse de eu estar sentado naquela cadeira”, disse.
Bolsonaro não quis detalhar que ameaças tem sofrido e não nomeou quem não tem interesse em sua continuidade no posto. Ele afirmou que, aos finais de semana, está “em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica” no Palácio do Alvorada, residência oficial.
O mesmo tom foi adotado pelo presidente em seu discurso durante o evento. Ele disse que a reforma previdenciária é “salgada”, mas necessária. E disse que um governo só é exitoso com um quadro econômico favorável. “Não existe governo bom com economia ruim. Pode botar um santo como presidente, governador ou prefeito. Se a economia for mal, ele vai ser defenestrado de lá”, afirmou.
Ele ressaltou que muitos votaram nele por ele ser “o menos ruim” e afirmou que o Brasil não está livre da possibilidade de um dia “dar uma marcha ré”. “Não queremos partir para uma situação como temos aí em alguns países, riquíssimos, como a nossa querida Venezuela, que descambou”, disse. “Não estamos livres do país, um dia, dar uma marcha ré. Devemos lutar por isso também, não por mim”, acrescentou.
No momento em que faz uma aproximação política ao Legislativo e ao Judiciário, Bolsonaro fez elogios aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF (Supremo Tribunal Federal), José Dias Toffoli.
“Nós queremos a governabilidade, mas ela vem da consciência de todos”, disse.