Apenas 17,83% dos meninos da Bahia com idade entre 11 a 14 anos, público alvo da vacina contra o Papilomavírus humano (HPV), receberam as duas doses da imunização e consequentemente estão imunizados por completo. Esse índice considera o período a partir de quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar a vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS), há dois anos, até maio de 2019. Os dados são da própria pasta.
O índice de garotos que receberam as duas doses da vacina contra HPV no estado está muito longe da meta estabelecida pelo governo federal, que é de 80%. No entanto, a situação da Bahia não difere muito do cenário nacional, cuja média de vacinação foi de 22,38% neste mesmo período.
Entre os meninos que tomaram apenas a primeira dose da vacina o número foi pouco maior que o dobro, e chegou aos 39,72%.
A vacina contra o HPV previne o vírus que tem mais de 100 tipos e que pode infectar a pele e as mucosas de homens e mulheres. Entre os problemas causados por eles estão lesões com potencial de progressão para o câncer, como o de colo de útero, nas meninas.
A médica oncologista especializada em tumores femininos do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), Renata Cangussú, atribui a baixa adesão à vacina do HPV ao desconhecimento da população sobre seus benefícios e sobre os riscos de desenvolver doenças causadas pelo vírus. “A gente tem feito um trabalho no sentido de conscientização da importância da vacinação, mas eu acho que isso está sendo um pouco mais divulgado com relação às meninas do que aos meninos”, analisou a médica. “Como a questão com os meninos foi um fato posterior, essa informação ainda não chegou a todo público e por isso é que realmente a adesão ainda não está adequada”, prosseguiu.
Os dados do Ministério da Saúde fortalecem a teoria da médica, uma vez que os números de meninas de nove a 15 anos imunizadas contra o HPV na Bahia são superiores aos meninos. As garotas dessa faixa etária que tomaram a primeira dose da imunização representam 58,49% do público alvo, e as que receberam a segunda dose foram 39,60%.
A oncologista alertou para a importância tanto das meninas quanto dos meninos serem imunizados. “O menino sendo portador do HPV pode transmitir para a menina, acaba que por isso é extretamente importante ele ser vacinado”, explicou Renata Cangussú. “Para que a gente consiga a longo prazo vir a eliminar o câncer de colo uterino e vários outros tipos de neoplasias ginecológicas que são evitaveis através da vacina”, completou a médica do NOB.
O Ministério da Saúde informou que, até maio de 2019, 6,1 milhões de meninas completaram o esquema vacinal com a segunda dose no Brasil, o que representa 51,4%. Já com a primeira dose, foram vacinadas 10,1 milhões de meninas, o que corresponde a 72,27%.
Entre os meninos de 11 a 14 anos, 3,5 milhões foram vacinados com a primeira dose, a partir de 2017, o que corresponde a 48,9% do público-alvo, e com a segunda dose foram vacinados 1,6 milhão, o que representa 22,4% deste público.
A pasta considera a média abaixo do esperado e informou em nota que mais de 9,2 milhões de adolescentes ainda precisam ser vacinados com a 1º e a 2º dose em todo o país. A pasta, no entanto, não informou o número de meninos e meninas que ainda precisam ser imunizados na Bahia. O Ministério da Saúde ainda reforçou que a cobertura vacinal só está completa com as duas doses.